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sexta-feira, 23 de maio de 2025

O Caminho da Esperança: Continuando o Legado de Francisco

O Papa Francisco deixou um legado de ações concretas em prol dos mais vulneráveis, com um foco intenso na defesa dos pobres, refugiados, LGBTQIA+ e no combate às guerras. Seus pedidos de transformação social, justiça econômica e dignidade humana foram claros em seus últimos atos, refletindo seu compromisso com a paz e com as populações marginalizadas. O Papa não apenas pregou, mas exigiu atitudes que resultassem em mudanças reais e inclusivas, mantendo-se firme na defesa dos mais necessitados, tal como fez Cristo em sua jornada, morrendo pelo povo simples e sofrido. Esse legado de Francisco, marcado pela luta incessante pelos mais vulneráveis, não se limita apenas ao Vaticano, mas é uma chama de esperança que pode ser encontrada em diversas lideranças ao redor do mundo.

Às vezes eu paro e penso: por que certas pessoas incomodam tanto mesmo quando só estão fazendo o bem?

Francisco era assim. Me dava a sensação de que ele escolhia um caminho que poucos querem de verdade: o da coerência. E, no fundo, é essa coerência que assusta. Porque ela revela os vazios que a gente se acostumou a esconder com discursos bonitos e gestos vazios.

Não é que ele fosse perfeito. Não é isso. Mas tinha uma firmeza mansa, um jeito de quem andava com os pés sujos da estrada, mas o coração limpo da pressa de agradar.

Ele não fazia só orações. Fazia alertas. Chamava a responsabilidade pra si — e pra todos nós também. E foi até o fim fazendo isso.

Pediu que a gente não aceitasse a pobreza como parte do cenário. Que lutar contra a fome fosse mais urgente do que seguir acumulando riqueza. Que a terra fosse respeitada. Que a floresta fosse ouvida. Que o grito dos povos originários ecoasse além dos gabinetes.

E pediu também que as guerras parassem. Que os líderes largassem suas armas e aprendessem a dialogar. Que o sofrimento de um povo nunca fosse justificado por estratégia nenhuma. Francisco chorou pela Palestina, pela Ucrânia, por todos os que sangram longe das câmeras.

Mas talvez o que mais me tocava era ver como ele se recusava a excluir. Ele não precisava, mas fazia questão de dizer: ninguém deve ser descartado. Ninguém deve ser rejeitado por ser quem é. Nem por sua cor, sua fé, sua história, nem por amar como ama. E ali, quando ele acolhia a comunidade LGBTQIA+ com gestos tão simples e tão profundos, eu pensava: isso é evangelho vivo. Isso é humanidade viva.

Ele não usava palavras para dividir. Ele usava a palavra pra lembrar que o amor é mais forte que o medo. E isso, eu sei, incomodou muita gente.

Nos últimos tempos, quando parecia que ele já tinha dito tudo, ele ainda teve força pra mais: pediu posicionamentos. Pediu coragem. Disse que o silêncio é escolha. Que neutralidade diante da injustiça é aliança com o opressor. E que ninguém deveria usar Deus pra justificar preconceito, violência ou descaso.

E aí eu fico me perguntando: o que a gente faz com um legado assim?

Ele não pediu homenagens. Não quis monumentos. Só queria que a gente não esquecesse de quem o mundo teima em apagar. O pobre, o indígena, a mulher sem vez, o jovem sem voz, o imigrante empurrado pra fora, o trabalhador explorado, a criança invisível, o corpo dissidente.

Francisco me lembrava Jesus. Não o Jesus domesticado dos templos dourados, mas aquele que andava no meio do povo, que chorava com as mães, que se indignava com a injustiça, que se entregou por amor. Francisco morreu assim: sem armas, sem vingança, sem aplausos fáceis. Só com o povo. Pelo povo.

Esse legado de Francisco, marcado pela luta incessante pelos mais vulneráveis, não se limita apenas ao Vaticano, mas é uma chama de esperança que pode ser encontrada em diversas lideranças ao redor do mundo.

Na Bahia, surge uma figura que, por sua trajetória e comprometimento com as classes mais excluídas, é vista por muitos como possível sucessora desse legado. O nome de Dom Sérgio da Rocha, arcebispo de Salvador, tem se destacado no cenário nacional e internacional por sua postura firme em prol da justiça social, da inclusão e da defesa dos direitos humanos. Como Francisco, Dom Sérgio tem sido uma voz ativa em questões como a paz, a igualdade e o cuidado com os mais pobres. Sua liderança se alinha diretamente ao que o Papa pregou: uma Igreja mais próxima das periferias, mais atenta aos excluídos e mais comprometida com a construção de uma sociedade mais justa e humana.

E por isso, sim, incomodou. Mas se tem uma coisa que aprendi com ele é que vale a

pena incomodar… se for por amor.

Autor:

Ícaro Rebouças

Comunicólogo, Jornalista, com foco em temas sociais e culturais, dedicado à promoção da inclusão e da justiça social.

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