- Mortes por câncer de próstata devem aumentar 93%, até 2050. Globalmente, os casos podem ter um aumento de 136%.
- A doença é mais comum entre os 60 e 80 anos de idade.
- Joe Biden, 82 anos, recebeu diagnóstico de um câncer de próstata em fase avançada e agressiva.
- Ensaio epigenético EpihTERT descreve o perfil epigenético específico das células cancerígenas
Até 2050, as mortes por câncer de próstata devem aumentar 93%, segundo estimativas internacionais. Atualmente, é o câncer de órgão sólido mais comum entre os homens e a segunda principal causa de morte por câncer nos Estados Unidos. No Brasil, a estimativa é de 71.730 novos casos anuais entre 2023 e 2025. No cenário global, os diagnósticos podem crescer até 136%.
O câncer de próstata é o segundo tipo mais comum entre homens, atrás apenas do câncer de pele, e a segunda principal causa de morte por câncer na população masculina. O adenocarcinoma é o tipo celular mais comum nesse tipo de câncer.
“A doença é mais comum entre homens de 60 a 80 anos, sendo influenciada por fatores como idade avançada, predisposição fisiológica e imunológica, tabagismo, consumo de álcool e ausência de check-ups regulares. Quando identificada precocemente, a taxa de cura pode atingir 90%”, destaca o urologista e uro-oncologista e membro da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), Marcelo Bendhack.
Recentemente, figuras públicas revelaram diagnósticos de câncer de próstata, como o maestro João Carlos Martins, 84 anos, o rei Charles III, 76, e, nesta semana, o ex-presidente dos EUA Joe Biden, 82 anos, que anunciou oficialmente ter um câncer de próstata agressivo e metastático, com comprometimento ósseo.
A taxa média de sobrevida global para pacientes com câncer de próstata, independentemente do estágio, é de 94,1%, conforme a literatura médica. No entanto, nos casos metastáticos, a sobrevida costuma variar de meses a alguns anos, dependendo do tratamento adotado.
Entre as principais terapias estão o uso de medicamentos que bloqueiam ou reduzem a testosterona, hormônio que estimula o crescimento tumoral, e a hormonioterapia.
“O câncer de próstata representa um grande desafio para a saúde pública, especialmente em países com recursos limitados. A ampliação de programas de rastreamento, diagnóstico precoce e tratamento adequado é essencial para conter o avanço da doença e melhorar os desfechos clínicos”, ressalta Bendhack, que também é membro do conselho da Federação Mundial de Uro-Oncologia (WUOF).
Câncer de Próstata e Biomarcadores Moleculares
Alguns biomarcadores moleculares podem servir como complemento ao exame de PSA para detectar câncer de próstata.
Novos avanços da pesquisa interdisciplinar em medicina molecular e urologia clínica abrem caminhos promissores para prolongar a vida dos pacientes e melhorar significativamente sua qualidade de vida.
Em 1994, o cientista Jerry Shay já destacava em suas pesquisas as estruturas vitais localizadas na ponta dos cromossomos, conhecidas como telômeros. Especificamente, os telômeros menores, responsáveis por interromper o crescimento das células.
Shay e colegas descobriram a atividade da enzima chamada telomerase [uma enzima que pode produzir DNA usando o RNA como molde], presente em mais de 90% dos cânceres humanos, enquanto está ausente em tecidos somáticos humanos saudáveis. Posteriormente, vários estudos confirmaram que esta é uma enzima específica do câncer que confere potencial de autorrenovação infinita e desempenha um papel crucial na gênese e desenvolvimento do tumor.
Um extenso estudo sobre Câncer de Próstata demonstrou que a ocorrência desta enzima estava associada a uma certa marca epigenética no DNA do gene da telomerase correspondente. As modificações epigenéticas dos genes são grupos moleculares distintos que são quimicamente ligados ao DNA e determinam a atividade dos genes. Eles são idealmente adequados para servir como biomarcadores moleculares.
O estudo também mostrou que essas modificações moleculares distintas do gene da telomerase preveem a recidiva no câncer de próstata e correspondem à invasividade, ou seja, razão pela qual o câncer é tão invasivo e muitas vezes difícil de tratar.
Análises muito mais abrangentes ainda, com 18.430 amostras de 31 tipos diferentes de câncer, incluindo tumores, por exemplo, de bexiga, próstata, mama, pulmão, cólon e melanoma, e tecidos não neoplásicos, demonstraram a importância dessa modificação epigenética na regulação do gene da telomerase.
Na prática, tumores iniciais podem ser facilmente examinados pelo ensaio EpihTERT¹ e, quando a marca clara de metilação do DNA está ausente, a decisão para o paciente e seu urologista é facilitada para aplicar preventivamente um procedimento terapêutico minimamente invasivo e preservador.
Para aliviar essa situação urgente, foi desenvolvido recentemente o ensaio epigenético EpihTERT, realizado com a colaboração interdisciplinar internacional entre a urologia do Hospital Universitário da Universidade Positivo, em Curitiba (Brasil) e o setor de epigenética da Universidade Heinrich-Heine de Düsseldorf, na Alemanha.
Baseado em décadas de pesquisa interdisciplinar e fundamentado por conhecimento acadêmico amplamente evidenciado e documentado por revisão por pares, o ensaio epigenético EpihTERT descreve o perfil epigenético específico das células cancerígenas do gene da telomerase dissecado no câncer de bexiga e no câncer de próstata.
Neste ensaio, a alteração epigenética mencionada é denominada metilação do DNA, significativa para um Câncer de Próstata agressivo e que pode ser avaliada com precisão, de maneira confiável, sensível e rápida. A abordagem especial de normalização foi desenvolvida e incorporada, o que permite a avaliação precisa do status de metilação, independentemente da complexidade genética observada no Câncer de Próstata precoce.
Esse teste é resultado de décadas de pesquisa interdisciplinar e conta com dados acadêmicos revisados por pares e amplamente reconhecidos. Ele permite detectar com precisão e rapidez uma de metilação do DNA específica do tumor, presente apenas em células cancerosas, que ativa um gene associado à agressividade e ao potencial metastático do câncer.
Além disso, uma técnica de normalização única foi desenvolvida e aplicada, permitindo uma avaliação precisa do estado de metilação independentemente da diversidade genética observada nos casos de câncer de próstata.
Esse exame permitirá ao médico monitorar de forma constante e precisa o sucesso do tratamento, possibilitando intervenções rápidas caso a doença volte a progredir.
Preparamos uma guia sobre prevenção, sintomas, diagnósticos, tratamentos, hereditariedade (histórico familiar), genética e fatores de risco. e e confira: Aqui ! |
Autor:
Ricardo Berlitz