Aquela mulher trans, criada nas periferias de Francisco Morato, vestida de coragem, perfumada de força e com sede e fome de justiça não poderia imaginar que ganharia repertório através de sua coragem ao enfrentar uma empresa de ônibus que recusou a imprimir seu nome social feminino.
Nascida no dia 09 de dezembro de 1992 em Franco da Rocha, São Paulo, Erika Santos Silva, conhecida como Erika Hilton, ganhou reputação em 2015, enquanto na cidade de Itu, ela tentava comprar uma agem de ônibus e, a empresa se recusou a imprimir seu nome social feminino na agem. Erika lançou petições online defendendo o direito de pessoas trans escolherem seus próprios nomes. Após grande repercussão, a petição de Erika Hilton acabou obtendo êxito e louvor.
Erika Hilton mal poderia imaginar que através daquela petição, ela poderia representar uma sociedade sendo parlamentar. Nascida em Franco da Rocha e criada nas periferias de Francisco Morato, Hilton aos 14 anos de idade se mudou com a família para a cidade de Itu para morar com os tios. Quando adolescente, vivendo com seus tios evangélicos, sofreu violências por sua expressão de gênero. Aos quinze anos foi expulsa de casa, onde estando em situação de rua, recorreu à prostituição para sobreviver.
Erika sempre foi adornada pela sua inteligência, intelectualidade, coragem e firmeza. O destaque pelo mundo todo e o parlamento veio apenas para chancelar a sua história: uma mulher trans, dotada de uma força imensurável, digna de representar uma comunidade LGBTQIAP+, uma comunidade sem voz, sem força e sem representação dentro de uma casa de lei.
Diante de sua história, Hilton é detentora de uma longa luta. E ao ouvir o chamado do seu coração para defender umas grandes minorias, não hesitou e foi. Pois foi de mãos dadas com a sua força interior que Hilton exerceu sua feminilidade, estudou, tornou-se uma respeitada parlamentar (não pelos parlamentares que insistem em derrubá-la, mas pelo seu povo, que a encoraja sempre a continuar lutando) bem-sucedida que carrega em si a missão de defender as vozes que insistem ficar em silêncio, de dar-lhes o direito, o sentido da vida, a vontade de lutar e de vencer.
Erika Hilton foi nomeada assessora na Assembleia Legislativa de São Paulo. Deixou o mandato na ALESP em 2020 para lançar sua candidatura para vereadora em São Paulo. Foi eleita com 50.508 votos, se tornando a vereadora mais votada do Brasil e a primeira mulher trans a ocupar uma cadeira na Câmara Municipal de São Paulo. Mais do que a sua profissão, lutar pelo povo, esse é o que faz seu coração pulsar! Uma mulher que tem o dom de debater por pessoas sem vozes, de ouvi-las atentamente e representá-los em uma casa de leis, de ser silêncio na hora precisa. E, pelo corredor da ALESP, vislumbrar a sua melhor versão…
Detentora de uma comunicação incomum e louvável, Hilton traçou para si coragens e, dia após dia, empenha-se para ajudar outras pessoas sem vozes a desvelarem o seu direito e sua liberdade. Infelizmente, muitas pessoas trans têm se perdido no labirinto de suas lutas. Às vezes, é preciso encontrar quem lhes dê guarida, quem acenda o candeeiro nos lugares de pouca luz, quem disponha da própria bússola em favor de quem está perdido à deriva de si mesmo!
Dias após dias, Hilton vem vencendo indizíveis desafios e, de modo especial, por sua dedicação às mulheres em vulnerabilidade, Erika Hilton nos ensina que há seres através dos quais Deus nos ama. Que sorte, nós, da comunidade LGBTQIAP+ temos em ser abençoados por sua realeza! Não a realeza de parlamentar, mas a realeza da sua luz que não se apaga e sempre habitará sua alma na terra e no céu!

Autor:
Lucas Dolher