O Conclave quase não rolou

O Secretário de Estado da Santa Sé, no uso de suas prerrogativas, considerando as altas temperaturas na Europa, as ameaças de grupos terroristas e a necessidade de preservar a integridade dos Cardeais, ressolve: transferir o Conclave para local mais seguro e temperatura amena. O Vaticano gradeçe a oferta do governo brasileiro e os jatos da FAB para transportar os Cardeais. O Conclave será em Brasília.

A notícia surpreendeu o mundo e causou euforia no Planalto Central. Nunca antes da história da Igreja um Conclave foi realizado em outro continente. As providências tiveram início e a mídia apressou-se para não perder a cobertura do evento inusitado. 

As diárias dos hotéis de Brasília aumentaram de 200%, ambulantes de todo o país invadiram a Praça dos 3 Poderes e as apostas começaram nas BETs: Quem será eleito? Em qual escrutínio? Qual o nome escolhido? Qual a nacionalidade do novo Papa? Qual o time de futebol do novo Papa? Pagamento pode ser via Débito, Crédito, Bolsa Família, Vale Gás etc, menos PIX, pela possibilidade de tributação. 

Um partido político protocolou Projeto de Lei propondo feriado nacional estendido, enquanto durar o Conclave, e conceder cidadania ao novo Papa. Assim, quem quer que seja o eleito, o Papa será brasileiro! Chupa Argentina!

A bagagem do Vaticano foi extraviada e sumiram as cédulas e o receptáculo. O TSE emprestou urnas eletrônicas, mas foram descartadas, pois não resetaram o sistema e durante o teste, Lula foi eleito. O jeito foi comprar bloquinhos na papelaria e usar a caixinha de gorgetas do Café do Senado para a coleta de votos.

O Congresso entrou em recesso e as instalações foram cedidas ao Vaticano. Como não serão utilizados todos os gabinetes, os líderes partidários continuaram atuando e negociando. A Direita quer Papa conservador, armas para clérigos e excomunhão dos comunistas. A Esquerda defende casamento LGBTQIA+etc com dois ou mais cônjuges e casamento entre humanos e animais. Sem anistia! O Centrão negocia apoio em troca de cargos e emendas parlamentares para o destino do dízimo.

O Cardeal Parolin, Secretário de Estado, foi abordado por assessores dos 3 poderes. Foi informado que ninguém é eleito no Brasil sem as bençãos do Kassab, que apoia o Conclave, mas quer indicar o Camerlengo. Malafaia quer direito de voto no Conclave para os Evangélicos e vagas na comissões do Vaticano. 

O STF quer analisar previamente as regras para evitar judicialização. O Ministério da Fazenda deseja crédito no Banco do Vaticano, Taxa do Dízimo e ISH – Imposto Sobre Hóstia. O INSS ofereceu convênio para desconto do dízimo dos aposentados na folha. O Postalis, Fundo de Pensão dos Correios, pleitea parceria com o Corriere della Sera, pensando que o jornal italiano é o Correio do Vaticano. O prefeito do Rio quer a apresentação do novo Papa em Copacabana e a Globo sugeriu o BPB – Big Papa Brasil, com transmissão ao vivo. Coloca os 6 Cardeais mais cotados na casa do BBB. Cada dia o povo elimina um. Quem sobrar será o Papa. Do Alvorada, veio o convite para um chá com a Primeira Dama do Vaticano.

Na praça, pessoas portavam faixas exigindo mais inclusão no Vaticano, regime de cotas, uso de palavras com gênero neutro e mandato de dez anos para o Papa, com direito a reeleição. Houve tumulto e vários manifestantes foram presos. Um deputado colhia s para a abertura da I do Conclave. Hackers divulgaram que um Cardeal argentino apoiado pelo Milei lidera a pesquisa de intenção de votos e costura acordos para vencer no primeiro escrutínio. O Bi da Argentina é inaceitável e o PSOL protocolou pedido para suspensão da votação. Surgiu uma fumaça branca na cobertura do Anexo da Câmara. Houve comemoração na Praça dos Três Poderes, mas foi alarme falso. Eram lobistas assando churrasco e gente fumando maconha.

Às 3 da madrugada o telefone tocou no hospital Policlinico Universitário Agostino Gemelli. Era o auxiliar do Secretário de Estado da Santa Sé pedindo atendimento urgente para o Cardeal Parolin, que teve pesadelos, taquicardia e forte enxaqueca. Após medicado e sentindo-se melhor, o Cardeal agradeceu e dispensou os médicos. O auxiliar garantiu estar tudo pronto para o Conclave entregou alguns e-mails de brasileiros: Kassab, Moraes, Janja, Malafaia e Boulos. O Cardeal leu, desmaiou e o auxiliar chamou de volta os médicos. O início do Conclave atrasou em 90 minutos.