Pesquisas recentes apontam que 74% dos brasileiros, ou mais, estão usando algum jogo eletrônico neste exato momento. O mercado de games gira algo em torno de R$ 13 bilhões no Brasil e US$ 200 bilhões no mundo. O que números tão animadores deixam entrever? Faltam profissionais, sobram vagas para atender ao mercado repleto de possibilidades. O futuro começa agora. Estão abertas as inscrições para o preenchimento de 800 vagas do Criar Jogos EAD, versão remota do projeto híbrido Criar Jogos Labs, que o Instituto Burburinho Cultural leva a todo país desde 2022.
O início das aulas é imediato, 100% grátis para o aluno, com duração média de dois meses e meio. As 800 vagas para o Criar Jogos EAD são voltadas para crianças a partir de 12 anos de todo o Brasil. Original, a metodologia das videoaulas é ágil, com o objetivo de oferecer ao aluno fluxo entre os módulos. O acompanhamento é feito por monitores direto com cada aluno ao longo do curso.
O Criar Jogos é considerado o maior curso gratuito de desenvolvimento de games da atualidade. Desde 2022 certificou quase 5 mil pessoas no país. No ano de 2024, mobilizou estudantes em três polos presenciais – os laboratórios temporários –Osasco, Brasilândia e Vila Califórnia, em São Paulo, além do Instituto Federal da Bahia, o IFBA. Desde 2022, o projeto formou estudantes em Belo Horizonte e Paracatu (MG), Curitiba (PR), Itaboraí e Rio de Janeiro (RJ), Guaratinguetá e São Bernardo do Campo (SP), além de São Gonçalo dos Campos, na Bahia. O patrocínio é da Núclea e do Grupo Boticário.
Entre os conteúdos das aulas estão Alfabetização Digital, Cultura de Jogos, Roteiro e Narrativa, Programação, Edição de Som, Game Design, Arte e Interface, e Criação de Protótipos. “Difundir o campo de criação dos jogos eletrônicos entre os jovens, gerar conexão entre eles e impulsionar o mercado são aspectos do DNA do projeto. Também estamos desmistificando a ideia de que é impossível tornar mais ível a atividade de programador de jogos eletrônicos. Como desdobramento, deflagra-se o processo de inovação”, analisa Priscila Seixas, presidente do Instituto Burburinho Cultural.
Aos 12 anos, o estudante Miguel Silva Ribeiro frequentou o Criar Jogos Labs na Associação Camila em Defesa e Valorização da Vida, em Jardim Conceição, Osasco. Concluiu em dezembro. Empolgado com o que aprendeu, quer ir mais longe. “Desde os 7 anos eu tinha vontade de fazer o meu game. Mas agora, de graça, consegui uma boa história, fazer desenhos legais, idealizar um protótipo”, conta. Miguel idealizou o jogo “As histórias de Oliver”, em que três coelhos, um deles chamado Oliver, entram no mundo de RPG repleto de aventuras e monstros. Para voltar para casa, com a cenoura dourada, precisam vencer vários desafios. “Até meu primo pequeno pediu para ser um personagem. Eu o coloquei lá. Meu objetivo é conseguir colocar o jogo pronto na Play Store e todo mundo poder ar”, vislumbra.
Os laboratórios presenciais do Criar Jogos são montados a cada ano em instalações cedidas por parceiros da iniciativa pública ou Terceiro Setor. Como o Instituto Federal da Bahia (IFBA), em Camaçari, por exemplo. “Para o IFBA é uma excelente concretização de sua maior função: aproximar a comunidade externa do campus, pois, além dos nossos estudantes, o Criar Jogos beneficia crianças e adolescentes de duas escolas municipais e um colégio estadual. Além disso, atuou diretamente na articulação entre o ensino e a extensão, pois nossos alunos estão iniciando estudos sobre lógica de programação e puderam ter uma vivência prática e lúdica desse conteúdo”, analisa Lanuza Lima, coordenadora de extensão do IFBA, campus Camaçari.
Diretor de projetos do Instituto Burburinho Cultural, Thiago Ramires conta que o projeto está em constante aprimoramento para absorver todos os interessados. “O Criar Jogos EAD oferece fácil o ao conteúdo. Nós nos empenhamos em realizar uma reformulação pedagógica e estamos atentos às dificuldades no percurso formativo. O fundamental é aproximar o aluno do conhecimento, até mesmo suprindo deficiências da alfabetização”, destaca.
Consultor do Instituto Burburinho Cultural, o programador João Vitor de Souza Chagas, em conjunto com Adriano Melo e Richard Mendonça, explica a estrutura do curso. “O curso está alicerçado em duas fases, criatividade e prática, que se complementam para os alunos compreendam tanto o lado criativo quanto o técnico do desenvolvimento de jogos”, destaca.
A Fase 1 é a Ideação, o momento de elaborar histórias, quando os alunos mergulham no mundo do game design. O tema do jogo que cada um deseja realizar, envolvendo aspectos como cenários imersivos e o visual dos personagens, abre as perspectivas do aluno. “É o momento em que a magia do projeto começa a tomar forma”, diz João. A Fase 2 traz a Criação, quando as ideias são transformadas em realidade. Os alunos utilizam ferramentas específicas para desenvolver as artes, programar as mecânicas e transformar o todo em experiência interativa. “O grande marco dessa etapa é a criação de um protótipo jogável. Esse processo prático permite que eles testem suas ideias, façam ajustes e aprendam na prática, algo que é essencial para quem está entrando no mundo dos games”.
Nessa fase, entra a ferramenta Scratch plataforma intuitiva, divertida, que elimina muitas das barreiras que as pessoas enfrentam quando entram no universo da programação. “Além disso, ela ensina conceitos importantes como lógica, interatividade e design, que podem ser aplicados não apenas na criação de jogos, mas em várias áreas criativas e tecnológicas. Nosso objetivo vai muito além de ensinar a criar um jogo. Queremos despertar nos alunos a paixão pela tecnologia, incentivá-los a trabalhar em equipe e desafiá-los a resolver problemas de forma criativa”, contextualiza o programador.
O Instituto Burburinho Cultural é sediado no Rio de Janeiro, com colaboradores por todo o país e fora do Brasil. Além do Criar Jogos, realiza projetos como o Engenhoka e Proje7o Arco-Íris. O Criar Jogos EAD é um projeto viabilizado pela Lei de Incentivo à Cultura, com patrocínio do Grupo Boticário e Núclea, realização do Instituto Burburinho Cultural e Ministério da Cultura, Brasil União e Reconstrução, Governo Federal.
As inscrições são feitas pelo sitewww.criarjogos.com.br
Autora:
Débora Nogueira